Plantando esperança
Os reabilitandos José Donizete Rodrigues, Jorge Antonio Alfredo, Rogério Garcia Domingos, Ademir Cambuí da Silva e André Luis Tomás, da Casa da Passagem, Albergue Noturno – do CEAC Bauru/SP, com a coordenação do terapeuta ocupacional Evandro Caversan e a colaboração de todos os reabilitandos realizaram a reconstrução da horta convencional e a criação de uma horta suspensa nas dependências do Albergue Noturno – do CEAC Bauru, em março de 2016 com preparação e plantio concretizados em abril de 2016. A horta suspensa é uma versão da horta convencional criada com materiais reciclados que ocupa pouco espaço, pode ser instalada em residências, fixas nas paredes. Traz um aspecto agradável ao ambiente, muito apropriada para ervas medicinais, temperos e pequenas culturas.
Como foi feita Quem explica é Rogério: “No início, houve um trabalho maior pra reconstruir porque a horta estava esquecida e o mato tomou conta do terreno. Com a chegada do novo terapeuta ocupacional, a reconstrução passou a ser atividade de laborterapia. Iniciamos com a retirada de entulhos e matos, fizemos uma medição do terreno, planejamos os canteiros para melhor aproveitamento do espaço, realizamos uma divisão das culturas e seleção dos hortifrútis, conforme uma oficina anterior que nos orientou em relação aos benefícios de cada planta. Foram utilizados vários materiais como arames lisos, garrafas pets e ferramentas em geral. Por fim, sementes, terra e adubos.”
Por que Segundo o terapeuta ocupacional, “a intenção foi elaborar uma proposta de laborterapia relacionada à horta com muitos benefícios no processo de reabilitação como físico, cognitivo e mental, proporcionando integração, trabalho em equipe e bem-estar. Eles se identificaram com a atividade e verificamos um ambienta mais tranquilo, com menos crises”. Outra questão foi a preocupação com a higiene para combate ao mosquito da Dengue e a oportunidade de realizar esse trabalho lá fora, é uma profissionalização, uma forma de renda e autossustento. Além disso, tem a responsabilidade de realizar a manutenção diária da horta, que é realizada por todos. Raimundo Conceição dos Santos, 45 anos, mexer com a terra traz uma energia muito boa e ajuda muito no processo de enfrentar as crises de abstinência: “Pisar e pegar na terra é muito bom”. E tem mais: a interação entre os reabilitandos, o reaproveitamento dos materiais reciclados, a melhora da autoestima: “Foi bem positivo, pois descobrimos que somos capazes de realizar atividades laborais com facilidade, aprendendo novas profissiões e, assim sendo, despertado qualidades em nós que havia sido adormecidas”, diz Rogério.
Colhendo esperança SMXLL“Aumentou até o número de passarinhos! O maior gosto meu é tratar deles agora”. Raimundo Conceição dos Santos, 45 anos
“Senti que eu estava trabalhando muito bem, e me senti muito mais calmo e mais útil”. José Carlos Monteiro, 52 anos.
“Foi um aprendizado de superação e força. Tive a satisfação de ver o que a horta me trouxe para a vida. Tive auxílio de outros companheiros que ajudaram na realização e esse tempo foi muito bom, pois está sendo colhido e degustado do plantio. Além disso, os outros usuários do Albergue também vão comer, não fizemos apenas para nós, temos os outros irmãos que entram e saem”. Jorge Antônio Alfredo, 57 anos.
“Foi de grande importância, porque os benefícios que tive foi de ver várias barreiras serem quebradas em minha vida como preguiça de não desenvolver novos objetivos, e ter a realização de começar e terminar algo em minha vida. Quando comecei a amar a mim mesmo, aprendi a amar as coisas maravilhosas a minha sua volta. Comecei a entender o cultivo da plantação. Amo trabalhar na horta pois faço com prazer. O tempo gasto na horta foi muito positivo, sempre aliado a sua grande fé em Deus, que o ajudou em todo o tratamento. Poder ver o plantio e o resultado final que é a colheita das primeiras hortaliças, como foram rúcula, almeirão e hortelã, continuando a ver os resultados da horta a cada dia, porque mantemos o cuidado diário. Espero no momento em que todos não estejam mais presentes no CEAC (na Casa de Passagem, os reabilitandos se preparam para voltar à sociedade, sabendo ali ser período de transição), Deus possa levantar voluntários para cuidar da horta.” Rogério Garcia Domingos, 33 anos.
“De uma semente plantada com amor, nascerá frutos belíssimos. Obtive novas amizades com outros internos que me ajudaram e o tempo que gastou foi gratificante pois hoje vejo os frutos da horta. Trouxe pra minha vida pessoal que “o que se planta com amor, se colherá amor”. Ademir Cambuí da Silva, 37 anos.
“Me senti muito contente pois foi muito prazeroso. O trabalho em grupo foi de extrema importância e fiquei muito contente por estar colhendo as hortaliças que plantamos com as próprias mãos. Não tem preço que pague, pois é de um proveito magnífico. Amo cuidar da hora”. José Donizete, 48 anos.
“Cheguei agora e já pude me beneficiar do hortifrúti. Achei a ideia ótima porque não dá gastos, a horta está muito bonita.” Marcos Roberto de Oliveira, 38 anos.
1a Oficina de Arte e Comunicação - Projeto Nossa Voz no Mundo - coordenação: Angela Moraes - jornalista.
Repórteres: José Donizete Rodrigues, Abilio Neto de Lima, Rubem Jaime Albuquerque de Carvalho, André Luiz Tomaz, Rogério Garcia Domingos, Raimundo Conceição dos Santos, Ademir Cambuí da Silva, Marcos Roberto de Oliveira, Leonardo Rocha de Souza, Roberson Ricardo Silva de Carvalho, Antonio Gomes Pereira Filho, José Carlos Monteiro, Ricardo de Oliveira Bernardes, Carlos Aparecido Barbosa, Flávio Moreira de Andrade. Fotos: Jorge Antonio Alfredo e Rogério Garcia Domingos